Publicado: 04/06/2025
Por Yasmin Olenik
Como você iniciou sua carreira na educação e o que a motivou a se tornar diretora?
A educação sempre esteve presente no meu cotidiano, minha mãe é professora aposentada e cresci no ambiente escolar tendo ela como exemplo. Hoje, eu e minha irmã somos professoras. Fui estudante do ensino médio técnico, fiz magistério e desde 2003 atuo na educação. Iniciei na Educação Infantil, trabalhei com Ensino Fundamental I e II e há 11 anos estou trabalhando no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Irati. No ano de 2023, eu me candidatei ao cargo de Direção-Geral do Campus Irati, senti que este era o momento de contribuir com a educação e com o campus de uma forma diferente e, por isso, aceitei esse desafio. Acredito na importância e no protagonismo da educação como transformadora da sociedade e, por esta razão, estou me dedicando à gestão do campus.
Quais foram os maiores desafios que você enfrentou até hoje em sua carreira de gestão escolar e como os superou?
Trabalhar em uma instituição de ensino é desafiante, seja ela qual for. Trabalhei em diversas escolas: creche, educação infantil, ensino fundamental I e II (pública e particular), Ensino Médio em escola particular, cursinho pré-vestibular, universidade pública e IFPR. Em cada um desses locais enfrentei desafios diferentes que me possibilitaram compreender os diferentes pontos de vista e me preparam para assumir esse cargo de Diretora-Geral. Todos os dias enfrentamos situações desafiadoras, mas o principal é compreendermos qual é o problema, quais suas causas e seus impactos e coletivamente buscar a melhor solução.
Como você equilibra sua vida pessoal com as demandas de ser diretora de uma escola? É difícil?
Gostei desse termo: “equilibra”. E acredito que ele define o que tenho vivido. A Direção-Geral demanda muita dedicação e muito tempo; além das atividades que executo diariamente no campus, preciso participar de eventos em diversos locais e de viagens a trabalho, portanto, é um movimento constante de “equilíbrio” entre as demandas de trabalho e a vida familiar. Tenho um esposo muito compreensivo e participativo, e isso é essencial para que eu possa realizar as atividades com mais “tranquilidade”.
Como você lida com situações de conflito entre professores, alunos e pais?
Desde que assumi a coordenação de ensino em 2018, precisei mediar várias situações de conflito e a maioria delas foram resolvidas pelo diálogo. É extremamente importante que as pessoas conversem e expressem suas opiniões, anseios e insatisfações, somente assim podemos compreender a situação e desenvolver juntos uma solução para o problema. E precisamos compreender que essa é a melhor solução possível naquele momento e que talvez não atenda aos anseios de todos os envolvidos no conflito.
Como você define seu estilo de liderança? Pode nos dar exemplos de como ele se aplica no ambiente escolar?
No IFPR, temos uma gestão democrática e participativa, portanto, o diálogo perpassa todas as instâncias de decisão. Nós temos as representações estudantis: representantes de turma, grêmio e centro acadêmico; os colegiados dos cursos; o CGPC Colegiado de Gestão Pedagógica do Campus; o CODIC Colégio Dirigente do Campus. Quando vamos propor alguma alteração no campus, ela precisa passar por essas instâncias, portanto, nenhuma decisão é tomada apenas pela Direção-Geral do campus.
Existem também os outros órgãos colegiados que compõem a Reitoria do IFPR, tais como: CODIR Colégio de Dirigentes e CONSUP Conselho Superior. Sendo assim, estar na Direção-Geral do Campus é compartilhar as decisões com a comunidade acadêmica.
Vale ressaltar, também, que possuímos três direções no campus: Direção-Geral, Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão, cujo cargo é ocupado pelo professor Cleverson, e Direção de Planejamento e Administração, que é gerida pelo Paulo Bonato. Portanto, as deliberações são compartilhadas com essas outras duas diretorias. Fazemos reuniões toda segunda-feira de manhã para alinharmos as demandas que precisamos resolver no decorrer da semana e decidimos coletivamente como iremos atuar em cada uma delas.
Qual é a sua visão sobre a educação e como ela é implementada no IF? Você diria que ela é aplicada de maneira plena?
Essa é uma questão bem complexa, mas vou respondê-la de uma forma simples e sem citar os teóricos. Acredito na educação como reflexo da sociedade e como transformadora dessa sociedade. É no ambiente escolar, sobretudo na Educação Básica, que temos a oportunidade de conviver com pessoas, ideologias e histórias de vida muito distintas e é por meio do processo educativo e do diálogo que o permeia que aprendemos a conviver de verdade e a gerenciar conflitos. O IFPR tem uma proposta muito interessante de educação e acredito que estamos no caminho certo, no entanto, temos muitos pontos a melhorar e o diálogo entre a gestão e os estudantes pode contribuir com isso.
Sendo assim, gostaria de me colocar à disposição da comunidade acadêmica para que possamos pensar em ações que possibilitem a melhoria do campus e da educação que ofertamos.
O IFPR tem a sua missão, visão e valores que precisamos relembrar constantemente, pois se conseguirmos cumprir com elas estaremos contribuindo para a transformação da sociedade brasileira. Gostaria de relembrar quais são:
MISSÃO
Promover a educação profissional e tecnológica, pública, de qualidade, socialmente referenciada, por meio do ensino, pesquisa e extensão, visando à formação de cidadãos críticos, autônomos e empreendedores, comprometidos com a sustentabilidade.
VISÃO
Ser referência em educação profissional, tecnológica e científica, reconhecida pelo compromisso com a transformação social.
VALORES
● Diversidade humana e cultural;
● Inclusão social;
● Empreendedorismo e inovação;
● Respeito às características regionais;
● Democracia e transparência;
● Educação de qualidade e excelência.
● Pessoas;
● Visão sistêmica;
● Eficiência e eficácia;
● Ética;
● Sustentabilidade;
● Qualidade de vida;
Como foi lidar com uma greve de dois meses no ano passado? Em relação às críticas externas e vários casos de desistência de alunos, você acha que houve uma recompensa efetiva da causa, ou acha que não valeu a pena?
A greve é um movimento justo e legal de reivindicação dos trabalhadores. O fato de os estudantes terem vivenciado essa greve também é um ato educativo, é a possibilidade de conhecer a luta dos trabalhadores e as maneiras de reivindicar os seus direitos.
A educação ainda não é valorizada como deveria no nosso país, portanto, precisamos de movimentos como a greve realizada em 2024 para lembrar a situação que vivemos e para pleitear as melhorias que a comunidade acadêmica precisa e merece.
Qual o seu maior desafio em termos de relacionamento com a comunidade escolar e como você o enfrenta?
Eu procuro manter o diálogo com a comunidade acadêmica, dessa maneira consigo interagir e tentar solucionar os problemas da forma mais ágil possível. Todavia, existe uma demanda muito grande de trabalho e não é possível conversar com a comunidade acadêmica com a frequência que eu gostaria. Estou sempre à disposição de vocês para que me procurem e apresentem as suas demandas.